
Edgar, no hospital onde o tempo não importa, destila morbidez, inquietação, bom humor, medo e esperança. Cita a morte. Explica os cheiros, os contatos rígidos, os passeios líquidos pelos corredores na madrugada, o buraco na parede onde a piedade some. Nas entrelinhas, sonhos, pesadelos, notícias boas e ruins, teimosia, rabugice e uma bipolar ironia dividem o mesmo quarto. Chegam as visitas, os personagens, autores, livros e filmes, o carinho dos amigos, o amor da família. Vem o retorno, a casa.
Giancarlo Carvalho – excerto da contracapa

Quando o médico deu a notícia, Edgar, sem perguntas, tentou sustentar. Levantou da cama do hospital e foi colocar o copo plástico vazio no lixo. E escreve este livro e este mantra:
“Era preciso fazer algo banal”.
Quatorze tecnologias fixadas ao corpo e, pouco a pouco, sendo retiradas. A morfina e os delírios da UTI, a angústia de tentar pegar objetos flutuantes que escapam das mãos. Um buraco que se abre na corrente dura de um Saturno na décima segunda casa, engolindo a moça da conversa de autoajuda, os gritos e as promessas, a invasão dos profissionais de saúde sem bater na porta – como uma busca e apreensão – e as dezoito horas corridas e invisíveis de uma profissional da enfermagem.
Maria Amélia Mano – trecho da Apresentação


Edgar Aristimunho é nascido na segunda madrugada fria de junho do ano de 1967, é historiador (UFRGS) de origem e escritor por amor e persistência. Publicou em 2008 o livro de contos O homem perplexo (editora Dom Quixote). Participou de sete antologias de crônicas da Santa Sede (destaque para Caio em mim, homenagem ao escritor gaúcho) e de duas reuniões de contos (sendo a trilogia de O rio atrás do muro a mais intensa). Trabalha na Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (MPF) e já foi diretor de comunicação do Colégio João XXIII. Publicou textos nos sites Nonada e La Parola e na revista A hora da escrita (Porto Alegre/Buenos Aires). Recentemente desenvolveu o projeto 22 goleiros 22 copas (crônicas esportivas). Escreve no blog O íncubo.